Hospital Royal Care teve suma importância na recuperação do idoso que se recupera dos resquícios do vírus

O caso do senhor Carlos Silva, 63 anos, traz esperança diante dos balanços cotidianos da epidemia do novo coronavírus em Vitória, Espírito Santo. Dos mais de 14.664 casos confirmados, segundo dados divulgados pelo Governo do Estado do Espírito Santo, 2.681 são em pessoas com mais de 60 anos e, desses, 329 não conseguiram sobreviver.

Carlos foi internado em um hospital de Vitória no dia 21 de maio, diagnosticado com coronavírus e, além dos sintomas, teve complicações que evoluíram para insuficiência de oxigênio no sangue, o que o fez ficar entubado. Depois de uns dias, seu quadro clínico não melhorou, evoluiu para insuficiência renal aguda e precisou começar a realização da hemodiálise.

Depois de 30 dias entubado na U.T.I, o paciente passou por um procedimento cirúrgico que consiste em fazer uma abertura na parede da traqueia, a fim de facilitar a entrada de oxigênio quando o ar está obstruído e foi para o quarto com uso contínuo de BIPAP em traqueostomia.

Durante um mês, Carlos teve de se alimentar por dieta enteral com dispositivos de sonda nasoentérica, estava acamado e era necessário manter a contenção mecânica em pulso devido o grande quadro de agitação motora.

Passado a fase mais grave, ele não poderia ir para casa, pois, ainda precisava de cuidados médicos e da equipe interdisciplinar, mas também, não deveria mais ficar internado no hospital de alta complexidade, pois a alta circulação de pessoas poderia agravar novamente seu caso.

Por conta disso, foi transferido para o Hospital de Transição Royal Care, que tem como objetivo, promover um atendimento mais acolhedor através de cuidados específicos e multidisciplinares com um olhar especial para a reabilitação e recuperação de pacientes crônicos.

“O senhor Carlos chegou ao hospital de transição com o diagnóstico de sequela pós COVID-19, estava muito magro, havia perdido muita massa muscular, confuso, desorientado, com períodos de muita sonolência e, também, não obedecia a comandos simples. Tivemos acesso a tudo que ele já tinha passado e fizemos uma avaliação completa para oferecer o melhor para o senhor se recuperar o mais rápido”, afirma Ana Paula Martins, Gerente de Enfermagem do Hospital Royal Care.

Nas primeiras semanas, foram feitas avaliações de medicamentos e dos exames laboratoriais, um conjunto de atividades físicas com finalidade terapêutica para melhorar a atividade muscular do paciente e tratamentos nas regiões que apresentavam lesões por pressão, que apareceram devido ao longo tempo que o senhor Carlos ficou na mesma posição.

Carlos está há 60 dias no Hospital Royal Care e vem apresentando melhoras significativas, hoje, ele já interage e consegue relatar os momentos vividos “Eu não tenho muita lembrança de quando eu entrei aqui e que às vezes eu choro por isso. A minha esposa me fala como eu estava e eu fico muito feliz de como estou agora”, relata de cabeça baixa chorando.

Quando se é apresentado a proposta da inserção do Hospital de Transição na linha de cuidado do paciente, acontece, muitas vezes, a desconfiança e dúvidas sobre os benefícios e necessidades durante o processo de reabilitação. Mas, após a melhora do quadro clínico, as famílias conseguem perceber o diferencial.

A esposa do senhor Carlos conta que ficou dois meses sem vê-lo e, quando viu, tomou um susto, pois estava com a traqueo, sonda e amarrado. Apesar do susto, o médico da UTI informou que ele seria transferido para o Hospital de Transição, pois seria melhor para os cuidados dele. “Ao chegar no Hospital Royal Care foi outro susto, pois é bem diferente de um hospital padrão, tem muitos vidros, detalhes etc. Com o tempo passando, percebi que as enfermeiras entravam no quarto com frequência, conversam comigo e com meu esposo, me ensinavam sobre cuidados. A equipe teve muita paciência em todos os momentos e, certamente, se tornaram parte da nossa família”, comenta emocionada a esposa.

Para o Diretor Técnico do Hospital Royal Care, Dr. Luiz Gustavo Genelhu, médico intensivista e geriatra, é gratificante ver como o trabalho da equipe interdisciplinar pode contribuir e acelerar a evolução de um paciente que chegou totalmente debilitado e estar retornando às suas atividades que de uma hora para outra se tornaram impossíveis.

“Ainda há muito o que ser feito, mas ver o senhor Carlos, que ficou internado na U.T.I, entubado, passou por diversas dificuldades, agora em bom estado gera a sensação de que nossos objetivos estão sendo cumpridos e, que, como ele, outros pacientes também podem passar por isso e se recuperar. Estamos trabalhando com o nosso melhor para que mais histórias de superação possam ser contadas e, também, para que juntos, consigamos superar o vírus”, acrescenta Gustavo Genelhu.

Desafio da enfermagem

E o desafio não é só da família, mas também da equipe como um todo. Ana Paula Martins demonstra isso ao relatar sobre a adaptação do hospital e sua equipe de enfermagem. “Em toda minha experiência profissional, nunca vivi um momento como este. No início foi muito difícil, porque não conhecíamos o vírus e não tínhamos noção da dimensão do problema que iríamos enfrentar, parou o mundo”, acrescenta a profissional.

A profissional de saúde ainda exalta como é importante e fundamental a participação da equipe de enfermagem, pois, tiveram que mudar toda a configuração estrutural do hospital, alterar fluxos e aprender diariamente sobre novos protocolos. “Tudo aconteceu muito rápido, a equipe estava aflita e, ao mesmo tempo, tínhamos que lidar com anseios familiares, pois as visitas foram suspensas e ninguém queria se distanciar do paciente enfermo”, explica.

Ana comenta que a direção do Hospital Royal Care se esforçou ao máximo com a liberação dos equipamentos, pois só assim, conseguiram garantir que nenhuma equipe ficasse exposta e o vírus não se propagasse, porque o profissional de enfermagem precisa estar protegido para que continuar na ativa.

“Começamos a viver uma nova era sem qualquer aviso. São muitas situações vividas que realmente faz a gente parar e pensar que a nossa equipe precisa de apoio. Tento ser, na medida do possível, uma gestora facilitadora e usar palavras e ou mandar mensagens como: vamos passar tudo por isso juntos, e vamos vencer. Vou levar um grande aprendizado, somos inteiramente dependentes uns dos outros, e precisamos valorizar a percepção do paciente na trajetória dele dentro do Royal Care, e qualificar ainda mais o atendimento com segurança”, finaliza a enfermeira.

*Carlos Silva é um nome fictício para preservar a privacidade do paciente.